Postado por Adriana Gomes em 1 de setembro de 2016 | Maturidade e Mercado de Trabalho

Aposentadoria e qualidade de vida deveriam andar de mãos dadas

Você está pensando em sua aposentadoria? Saiba a importância desse tema na sua qualidade de vida

A aposentadoria é o período que muitos aguardam chegar. A famosa melhor idade, na qual a pessoa pode se conectar mais com o propósito da vida e viver novas experiências.

No entanto, ao passo que esta etapa vai ficando mais próxima, o momento que deveria ser de felicidade e paz de espirito, acaba muitas vezes provocando confusão e ansiedade.

Isso ocorre por falta de planejamento que deve envolver diversas esferas: preparação psicológica; preparação intelectual; preparação de estilo de vida, com a identificação de atividades que geram proposito e principalmente preparação financeira: reservas para cada proposito e projetos.

No entanto, pesquisas mostram que essa preparação ainda ocorre de maneira tímida, no Brasil e no mundo.

O relatório desenvolvido pelo HSBC chamado Futuro da Aposentadoria, realizado em 2015 com mais de 1.000 entrevistados no Brasil, mostrou incoerência relevante entre a conscientização de se preparar para o futuro e a prática desse planejamento de fato.

A teoria não condiz com a prática: entrevistados entendem importância do planejamento financeiro e de aposentadoria desde cedo: na média os entrevistados percebem a idade de 33 anos como o limite para que iniciem o planejamento financeiro.

Na média mundial a poupança de recursos para aposentadoria começa apenas 4 anos antes da data estimada para o indivíduo efetivamente se aposentar.

Nesse aspecto em isolado, poderíamos então pensar que estamos mais conscientes sobre essa necessidade do que outros países

No entanto, embora a conscientização seja grande desde cedo, na prática ela é sofrível: 64% dos entrevistaram assumem que mesmo sabendo da necessidade nunca pouparam para a aposentadoria, sendo que 69% desses já tem idade mais avançada, entre 45 e 54 anos de idade

O cálculo da expectativa de vida e dos recursos poupados para o período inativo não foram bem feitos: mais de 65 % dos brasileiros entrevistados acreditam que seus planejamentos financeiros para uma aposentadoria confortável estão inadequados; esperam ficar aposentados em média por 23 anos, mas suas poupanças para aposentadoria devem durar apenas 12 anos

O Estado ainda aparece como um importante provedor no período não ativo: a média dos entrevistados brasileiros acredita que 31% dos rendimentos de sua aposentadoria virão do Estado e para 37% a pensão do Estado será uma fonte de renda importante para aposentadoria.

Desejam que o rendimento da aposentadoria do Estado substitua aproximadamente ¾ ou (70%) do rendimento do seu trabalho remunerado, ou seja, há excessiva confiança nos benefícios do Estado.

Importante atentar que condições de expectativa de vida e subsídios financeiros dos Estados estão mudando no mundo inteiro e serão insustentáveis no longo prazo.

Um artigo do PhD de Gabriel Sahlgren, publicado pelo Institute of Economic Affairs, no Reino Unido, que analisou os dados de homens e mulheres com idades entre 50 e 70 anos em 11 países europeus, mostra indícios desanimadores para quem não se prepara financeiramente e mentalmente para esse período.

Segundo o estudo, pessoas aposentadas estavam cerca de 40% mais propensas a ter depressão e tinham cerca de 60% mais chances de desenvolver problemas de saúde comparado àqueles que se mantêm no emprego.

As vezes aposentadoria é mandatória, vem de repente pelo lado da empresa e é preciso ter em mente um plano B para não ter desespero no momento de desligamento do sobrenome corporativo.

Semi-aposentadoria é um modelo em crescimento, mas ainda é uma opção para alguns, pois algumas empresas ainda não estão adaptadas e adequadas às mudanças demográficas.

É preciso achar um trabalho que seja prazeroso. Pensar em como sou valorizado pelos outros, do que me orgulho de ser ou ter feito e de que legado eu quero deixar. Cerca 62% das pessoas em idade economicamente ativa planejam uma semi-aposentadoria antes de se aposentar totalmente.

O que fazer então, não aposentar nunca? Não!

Planejar e se preparar para o melhor modelo para você. Sempre temos escolhas na nossa vida, e não tomar nenhuma medida e procrastinar também não deixa de ser uma escolha.

Na mesma pesquisa do HSBC, o planejamento mostra inúmeros benefícios para quem o faz: 58% daqueles que usaram um consultor financeiro profissional para o seu planejamento acabaram poupando ainda mais para a aposentadoria do que quando faziam isso sozinhos.

A relação de planejamento e mais poupança no Brasil é ainda mais forte quando se olha para os níveis de poupança de aposentadoria dos entrevistados com rendimentos médios (de R$ 3 mil a 10 mil).

Este tem pelo menos 4 vezes mais poupança para aposentadoria que aqueles que não planejaram.

Essa abordagem cognitiva é necessária para planejar e abraçar os próximos melhores 10/20/30 anos depois de deixar uma carreira formal ou vender a empresa.

Planejamento traz o desafio de fazer os anos platinados nada tediosos, e sim vibrantes criativos e animadores.

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Este artigo foi escrito por Débora Agonilha, planejadora financeira pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner) desde 2012, concedida pelo Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF).

Trabalha no mercado financeiro há 10 anos, com passagens em Equity Research e Private Banking e gestão de patrimônio de famílias (Wealth Management) de grandes instituições. Contatos pelo e-mail: deboraagonilha@gmail.com.

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