PATRÍCIA BASILIO – DE SÃO PAULO
Errar o destinatário do e-mail, confundir o nome de executivos em uma reunião de negócios e falar mal do chefe quando ele passa. Cometer gafes no trabalho é situação comum no dia a dia dos profissionais. O modo como esses deslizes são compreendidos, no entanto, varia conforme a empresa.
Um erro que para muitas companhias acarretaria em advertência ou em demissão, para a publicitária Carla Acosta, 23, resultou “apenas”, avalia, em brincadeiras de mau gosto de chefes e colegas. Após perder o controle e ingerir bebida alcoólica em excesso na festa de fim de ano da empresa em que trabalhava no ano passado, Acosta desmaiou e foi socorrida por paramédicos. O chefe, que não estava presente na festa, “foi avisado pelo celular”.
Dois dias depois, quando voltou ao trabalho, conta, foi zombada pela equipe. “Disseram que eu não valia nada e deram risada”, destaca ela, que afirma ter tido “sorte”, uma vez que, em outra empresa, poderia ter sido mandada embora. Deslizes em festas corporativas, como o que ocorreu com Acosta, são os mais frequentes e podem levar à demissão, na avaliação de Adriana Gomes, Coordenadora do Centro de Carreira da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing). “Os profissionais esquecem que o evento é uma extensão do trabalho e perdem o senso crítico”, avalia ela.
Dentro do escritório, ressalta Gomes, enviar e-mail ao destinatário errado e postar informações sigilosas da empresa em redes sociais lideram o ranking das gafes mais comuns no ambiente corporativo. Pedir desculpas, entanto, não é regra fixa. “Há vezes em que retomar o ocorrido pode prejudicar ainda mais a situação”, avalia.
DESCULPAS
Para Marcelo Cuellar, headhunter da empresa de recrutamento Michael Page, desculpar-se pela gafe é válido em qualquer situação. Jogar a culpa em terceiros e “fugir pela culatra” pode ser pior do que a honestidade, considera ele. “Todos são passíveis a erros, mas poucos têm a humildade de assumi-los e pedir esculpas”, destaca.
Após enviar um e-mail grosseiro sobre o chefe ao destinatário errado — no caso o assistente da pessoa ofendida pela mensagem – o analista de sistemas A. A, que pediu para não ser identificado, viu-se obrigado e pedir desculpas à equipe. “Hoje confiro duas vezes o destinatário do e-mail antes de enviá-lo”, conta ele, que afirma ter recebido advertência.
Principais deslizes corporativos:
- Passar orçamento errado ao cliente
- Enviar e-mail para a pessoa errada
- Trocar o nome dos profissionais em uma reunião
- Fazer comentários ruins de alguém em voz alta
- Desejar os parabéns ao chefe ou ao colega na data errada
- Convidar o parceiro errado para um evento corporativo
- Falar mal da empresa ou do chefe em redes sociais
- Divulgar notícias sigilosas da empresa na internet ou aos colegas
- Ter comportamento inadequado em eventos ou festas de trabalho
http://classificados.folha.com.br/empregos/960699-gafes-no-trabalho-podem-levar-a-demissao.shtml
17/08/2011