Planejamento não elimina o fator supresa

O novo sempre assusta. Basta lembrar situações como o primeiro encontro, o primeiro dia de aula, o primeiro dia de trabalho. O impacto e intensidade da emoção variam dependendo do momento de vida e do valor atribuído aos acontecimentos. Acredite: novidades e mudanças não são tão naturais para as pessoas quanto se imagina. A maioria busca no conhecido e na rotina o conforto necessário para apaziguar as angústias que as novidades e as mudanças trazem.
 
Não há como prever mudanças, mas há como planejar, se preparar para elas. Acontece que as pessoas, de maneira geral, não são estimuladas, a fazer planejamentos de qualquer espécie. Parecem viver sob a inspiração daquela música de Zeca Pagodinho: “Deixa a vida me levar. Vida leva eu”. Como se a responsabilidade sobre as escolhas fosse externa, obra do acaso.
 
Muitas vezes, tenho a impressão de que não se sentir autor, agente da própria vida, exime as pessoas das possíveis culpas e responsabilidades, já que elas atribuem ao destino ou aos deuses ou a qualquer outra entidade externa as alegrias e desgraças que acontecem.
 
Talvez, exista uma má compreensão do que seja planejamento. Planejar não significa engessar a vida ou eliminar as surpresas, mas pensar estruturadamente, levantar possibilidades, criar cenários, alternativas.
Dá trabalho e pode roubar o tempo de não-trabalho conquistado com tanto suor. E esse, aliás, é um dos fatores que me levam a crer que, quando existe algum tempo de “folga”, as pessoas preferem a alienação ou a fuga para um lugar que demande menos, já que no ambiente profissional as exigências por resultados e entregas são cada vez maiores. 
 

 Adriana Gomes
terça-feira, 26 de abril de 2011 – para Clickcarreira

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