“Se não encontramos ninguém melhor do que ele, então contrata esse mesmo.” Infelizmente essa decisão vem sendo tomada com mais freqüência do que poderíamos aceitar. As notícias parecem promissoras. Capa da revista Exame de abril http://migre.me/4gDkH anuncia em letras garrafais “Procuram-se 8 milhões de profissionais”. Fala-se do pleno emprego, definido na matéria como o “ estágio em que a taxa de desemprego cai a níveis muito baixos e praticamente todas as pessoas qualificadas estão empregadas.”
Parece ótimo! Profissinais sendo disputados, muito trabalho para os RH’s tanto para selecionar quanto para reter seus quadros, porém, meu desconforto vem do discurso que ouço de empresários e profissionais de recursos humanos, sobre a enorme dificuldade de encontrar profissionais qualificados.
Abaixo apresento alguns dados que não devem ser esquecidos para compor o cenário que contrapõe a noção de pleno emprego:
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O Brasil manteve o 88º lugar, mesma posição do ano passado, num total de 127 países de todo o mundo, no ranking do ensino, de acordo com o Relatório de Monitoramento Global, preparado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO). O Brasil está atrás da Argentina, Chile e até mesmo Equador e Bolívia. Só para termos uma base comparativa o primeiro lugar da lista é o Japão, seguido por Reino Unido, Noruega e o Casaquistão, que aparece logo à frente de França, Itália e Suíça.
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Na matéria exibida pela rede globo “Sobram vagas em cursos de escolas técnicas e universidades do Brasil http://migre.me/4gAtB os números são alarmantes. Em áreas essenciais para o momento que vivemos sobram vagas. Para engenharia civil, setor carente, 28% das vagas não são preenchidas, para engenharia eletrônica, 31% e mesmo com todo o alarde do pré-sal a engenharia de petróleo deixa vaga 52% das carteiras.
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Para a área de TI, outra área em franca expansão, os números não são menos assustadores, em administração de redes, 62% das vagas não são preenchidas e em análise de sistemas, há 79% de lugares sem dono.
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Não é só isso, muitos dos alunos abandonam a faculdade antes da conclusão e em algumas áreas a evasão chega a 50%.“O país que peneira a mão de obra e não encontra muita coisa desperdiça lugares até nas universidades públicas. Mais de 14 mil vagas não têm dono.”
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Em função do bom momento economico o Brasil é percebido internacionalmente como o pais das oportunidade. Além da imigração e com essa expectativa, há também o retorno de brasileiros que foram para o exterior e estão retornando para aproveitar a fase. Há também muitos profissionais que são convidados a trabalhar no Brasil. Em números isso quer dizer algo em torno de 180 mil profissionais dos cinco continentes aportaram no pais nos ultimos 5 anos, de acordo com levantamentosproduzidos pela Coordenação Geral de Imigração (CGI) do Ministério do trabalho http://migre.me/4gBtl. Das 11.530 autorização de trabalho concedidas no primeiro trimestre deste ano _ um volume recorde para o período – 60% foram direcionadas a estrangeiros com diploma universitário, mestrado, doutorado e até PHD. Além disso, 80% dos vistos eram vinculados a funções técnicas ou projetos de transferência de tecnologia.
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O Brasil tem um dos piores índices de proficiência em inglês do mundo http://migre.me/4gAJo é o que indica pesquisa da escola e agência de intercâmbios Education First (EF), em matéria apresentada pela exame.com e facilmente confirmado em entrevistas de seleção, aliás, nem o português, pois a dificuldade para se expressar corretamente, em nosso idioma, por escrito ou verbalmente está ficando cada vez mais raro.
Minha preocupação é que para muitas posições são contratados profissionais sem a devida qualificação e, além disso, as contratantes não se preocupam em formar, treinar e desenvolver essas pessoas. Custa caro, mas custará mais caro a médio prazo. Dados de pesquisa da Dom Cabral mostram que 54% das companhias reduziram os requisitos na contratação de pessoal para a área técnica e operacional. Nos cargos estratégicos, 28% das empresas também diminuíram as exigências, como pós-graduação, fluência em idiomas e experiência.
Hoje, já pagamos preço alto pela falta de visão e interesse pela educação. Corremos o risco de um colapso, abreviando o Princípio de Peter, termo cunhado por Lawrence Johnston afirma que “em um sistema hierárquico, todo funcionário tende a ser promovido até o seu nível de incompetência”. Se as contratações já estão abaixo das exigências mínimas, essa incompetência chegará muito antes das possíveis promoções que o profissional poderá ter ou pior, já estará ocupando uma posição em alto grau na escala hierárquica sem a competência necessária para isso.
Há, infelizmente, indícios que estamos muito próximos de confirmar minha tese. Um estudo indicando que as obras de nove dos 13 aeroportos que serão utilizados na Copa do Mundo 2014 não ficarão prontas até o início da competição. http://www.youtube.com/watch?v=fwNJH1xzSoU&feature=player_embedded
Felizmente, há empresas responsáveis e profissionais conscientes que não retratam a afirmação de abertura deste artigo. Há vagas que ficam abertas por muitos meses, para desgosto e desagrado de gestores e muitos profissionais de RH. Baixar o nível de exigência não é a solução. Quantos postos de trabalho e oportunidades teremos que perder até que a lição seja aprendida.
(*) Adriana Gomes Mestre em Psicologia, pós em Clínica, Psicóloga e Coach com mais de 20 anos de carreira. Ex-vice-presidente da Catho. Coordenadora Acadêmica da área de Pessoas, Professora da pós-graduação e Coordenadora do Centro de Carreiras da ESPM. Colaboradora dos Blogs da HSM e Clickcarreira. Autora do Livro Mudança de Carreira e Transformação da Identidade. Diretora do Site www.vidaecarreira.com.br
Esse é o preço que se tem a pagar pela nossa deficiência no ensino fundamental, pois a preocupação sempre foi com a disponibilidade de vagas, nunca com o incentivo ao conhecimento. A falta de uma “cultura escolar” é o que provoca o paradoxo que observamos hoje. Pelo lado das empresas, há um aspecto não citado que devemos levar em conta: a maioria delas está habituada a exigir dos candidatos muito mais qualificações do que eles realmente irão precisar. Isso também é fruto de uma cultura construída dentro de um ambiente de carência ao qual estávamos acostumados, o que contrasta fortemente com o período que hoje vivemos. Diante disso, me parece cabível revisar os requirements antes de contratar “qualquer um”, e é bem possível que se tenha ao final uma surpresa agradável. De qualquer forma, além de ser uma medida exequível a curto prazo, é muito mais simples do que buscar soluções dentro de nosso atual contexto educacional.
Esse é o preço que se tem a pagar pela nossa deficiência no ensino fundamental, pois a preocupação sempre foi com a disponibilidade de vagas, nunca com o incentivo ao conhecimento. A falta de uma “cultura escolar” é o que provoca o paradoxo que observamos hoje. Pelo lado das empresas, há um aspecto não citado que devemos levar em conta: a maioria delas está habituada a exigir dos candidatos muito mais qualificações do que eles realmente irão precisar. Isso também é fruto de uma cultura construída dentro de um ambiente de carência ao qual estávamos acostumados, o que contrasta fortemente com o período que hoje vivemos. Diante disso, me parece cabível revisar os requirements antes de contratar “qualquer um”, e é bem possível que se tenha ao final uma surpresa agradável. De qualquer forma, além de ser uma medida exequível a curto prazo, é muito mais simples do que buscar soluções dentro de nosso atual contexto educacional. —> Parabéns pelo texto Adriana. Como sempre !!!
Esse é o preço que se tem a pagar pela nossa deficiência no ensino fundamental, pois a preocupação sempre foi com a disponibilidade de vagas, nunca com o incentivo ao conhecimento. A falta de uma “cultura escolar” é o que provoca o paradoxo que observamos hoje. Pelo lado das empresas, há um aspecto não citado que devemos levar em conta: a maioria delas está habituada a exigir dos candidatos muito mais qualificações do que eles realmente irão precisar. Isso também é fruto de uma cultura construída dentro de um ambiente de carência ao qual estávamos acostumados, o que contrasta fortemente com o período que hoje vivemos. Diante disso, me parece cabível revisar os requirements antes de contratar “qualquer um”, e é bem possível que se tenha ao final uma surpresa agradável. De qualquer forma, além de ser uma medida exequível a curto prazo, é muito mais simples do que buscar soluções dentro de nosso atual contexto educacional. —–> Parabéns pelo texto Adriana. Como sempre !!!