Especialistas dizem que decidir ser uma mãe presente no dia a dia das crianças não significa deixar de lado a vida profissional
Trabalhar fora e ter filhos não é uma situação incomum. Muito pelo contrário. Grande parte das mulheres cria seus filhos, dá atenção aos familiares e ainda consegue um jeito de realizar as tarefas domésticas. Entretanto, as que não possuem jornada de trabalho flexível precisam ser verdadeiras equilibristas para dar conta de tanta coisa. Será que existem profissões mais indicadas para quem sonha ter filhos e ser presente na rotina diária das crianças? Especialistas dizem que sim.
“Como sou dentista e possuo um consultório próprio posso fazer os meus horários. Tenho dois filhos e fico o período da manhã com eles. Começo a trabalhar depois de deixá-los na escola. Não pensava nisso quando escolhi a minha profissão, mas hoje vejo que acertei”, conta Lígia Capeloza Annibale, 33. Ela tem dois filhos, com quatro e dois anos, e faz questão de levá-los para a natação e para o colégio.
– Veja aqui profissões indicadas para quem quer ter filho, trabalhar e estar presente na rotina da criança
De acordo com a consultora de carreira e diretora do site Vida e Carreira, Adriana Gomes, mesmo que a mulher não tenha um emprego onde ela não pode fazer seus horários, é possível ser mãe e participar. “Depende muito de cada gestor. Existem casos que se pode compensar uma saída para acompanhar o filho no pediatra, por exemplo. Mas, ainda hoje, muitos chefes não compreendem esta necessidade e são inflexíveis. Nestes casos, o melhor a ser feito é investir na qualidade do tempo passado com as crianças”, ressalta.
A consultora de carreira acredita que muitas empresas consideram a gravidez de uma funcionária como um problema. “O Brasil vem melhorando neste sentido, mas ainda há muito preconceito”, diz Adriana. Flora Victoria, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Coaching, lembra ainda que arcar com as despesas da gravidez de uma funcionária ainda é malvisto em algumas empresas. “Em termos financeiros a grávida gera custos para a organização. Ela acaba faltando para ir ao médico e outra pessoa precisa assumir suas funções durante a licença-maternidade, seja alguém que acumula funções ou um temporário. Entretanto, se ela for competente este custo não será um problema.”
Quando contar que está grávida?
O momento correto de falar sobre gravidez vai depender bastante do cargo ocupado pela mulher. Segundo Flora, quanto mais alto, mais a mulher precisa adiantar essa conversa. “Considero esconder a gravidez sempre ruim. Geralmente, quem tem medo de contar é porque não está obtendo bons resultados e não se considera essencial para a organização. Se uma executiva, por exemplo, não conta, a empresa pode ver essa omissão como uma traição ou falta de comprometimento com o bom andamento do trabalho no futuro.”
Flora explica que em algumas empresas existe o “plano de sucessão” para altos executivos. Se esta for uma política oficial da empresa, as executivas, quando planejam ficar grávidas, já devem informar aos seus superiores sua intenção e designar uma pessoa a ser treinada para substituí-la durante a licença-maternidade. Ela ressalta que o universo de empresas que adotam esta postura é restrito e nem sempre isso é feito de forma aberta. Muitas vezes as empresas preferem manter sob sigilo a decisão de suas altas executivas de engravidar.