Um elemento que queira fazer mais, mesmo sem intensão de incomodar ao grupo, apenas para ter mais experiência pode se tornar um elemento desagregador, porém minha percepção é que essa atitude podesaer interpretada de maneira diferente dependendo da cultura organizacional em que ele está inserido.
Vale a pena ler e pensar a respeito.
Um abraço,
Adriana Gomes
Título oficial: The Desire to Expel Unselfish Members From the Group
Publicação: Journal of Personality and Social Psychology
Quem fez: Craig D. Parks e Asako B. Stone
Instituição: Washington State University e Desert Research Institute
Dados de amostragem: 140 estudantes, em quatro estudos diferentes
Resultado: Há duas motivações diferentes que fazem dos colegas de trabalho altruístas indesejados. A primeira delas, classificada como mundana, se refere a uma crença de que a pessoa não consegue compreender claramente seu trabalho ou que ela tenha um comportamento imprevisível. A segunda, é a de que ou esse colega não é um bom parâmetro para sua imagem no escritório ou ele simplesmente não consegue aderir às regras locais de comportamento.
A história da maçã podre que estraga todas as demais dentro do cesto de frutas também pode ser usada, com uma inversão de papéis, para explicar algumas relações entre funcionários dentro de uma empresa. Na teoria levantada no estudo The Desire to Expel Unselfish Members from the Group (O Desejo de Expulsar Membros Altruístras do Grupo, em tradução livre), quem faz o papel de maçã podre é o funcionário altruísta, que está sempre disposto a ajudar e a ensinar quem quer que seja – principalmente quando isso não é sua obrigação.
Quanto mais ele se prontifica para afazeres impopulares, mais é odiado pelos colegas, criando um clima de competição e podendo, até mesmo, “contaminar” o ambiente de trabalho. Na maioria dos casos, esse funcionário dito altruísta é mal visto pelo resto do grupo, por “elevar” o nível do trabalho, e corre o risco de ser rejeitado por eles.
O desequilíbrio causado no grupo com a entrada de um funcionário com esse perfil é simples. Mais disposto a colaborar, a ajudar e a fazer aquilo que ninguém gosta de fazer, ele fica com a imagem de ser mais eficiente que os demais – o que pode irritar alguns. “Esses indivíduos generosos acabam fazendo com que os demais fiquem mal vistos no ambiente de trabalho”, afirmam Craig Parks e Asako Stone, autores do trabalho. De acordo com os dois, no convívio corporativo se espera uma participação igualitária entre todos os membros, mesmo que algum deles seja capaz de mais. Além de deixar o lugar mais homogêneo e menos competitivo (pelo menos na teoria), essa linearidade também seria a responsável por amenizar defeitos, falhas e limitações de algumas pessoas.
Segundo a pesquisa, durante um dilema social é bastante comum que os envolvidos acabem se esquecendo dos seus objetivos e se foquem apenas em avaliações pessoais um dos outros. Por isso, a maçã podre daquele grupo pode acabar sendo expulsa da cesta de frutas. Para Parks e Stone, essa possível expulsão acontece por dois motivos básicos. Sem a figura que eleva o nível do trabalho, acaba a necessidade de competição. A segunda delas, no entanto, diz respeito às normais internas. Alguém que coloca em risco as regras preestabelecidas e que tem idéias para mudá-las é um perigo que deve ser descartado.
Publicado originalmente em Veja on line em 29/10/2010
Isso depende muito da cultura da empresa e, principalmente, do gestor diretamente ligado ao sujeito. O estímulo da competitividade, por exemplo, é extremamente danoso para um grupo. Assim como um gestor que canaliza a maioria do trabalhos extras para o altruísta, só para garantir o retorno do trabalho feito e não ter de explicar muito para os outros, é igualmente danoso.
A responsabilidade, sem dúvida, é do gestor. Um líder emocionalmente inteligente consegue obter o melhor de cada um e ainda conservar o clima de cooperação sem arranhar egos. Quem julga um altruísta nocivo, deveria trocar o gestor da equipe por alguém mais competente com pessoas.
Concordo com a opinião do Dalton Cortucci quanto a responsabilidade ser do gestor e não do funcionário altruísta. Será que por ser mais fácil dispensar um funcionário pró-ativo é que cada vez mais temos chefes e não líderes? Quer dizer que colocar em prática conhecimento e competência é um sinal negativo? Recentemente pedi demissão por ter sido excluída pela minha gerente e não pela equipe, ela se sentiu ameaçada pela minha postura profissional de dividir conhecimento e não de reter para não perder. O mercado está muito competitivo e escasso de líderes e de gestores multiplicadores.
Olá, Luciana.
Eu era gestora e tenho esta postura altruísta e isto me causava problemas com os demais gestores… Creio que não há muita relação com o cargo que a pessoa ocupa, já estive na posição de líder e liderado, em ambas as posições eu sempre tinha problemas com os pares, devido ao fato de querer ajudar o outro. Em meu ponto de vista, envolve muito a personalidade e a forma de enxergar as vida, de cada um possui.
Excelente artigo! Senti na pele isto e realmente fiquei sem entender o motivo pelo qual, querer ajudar aos demais era tão prejudicial aos olhos de alguns… Visto que, eu era gestora e era grandioso ver toda equipe se desenvolvendo e se ajudando…Os resultados do time eram bons, justamente porque eu incentivava esta integração e apoio… Infelizmente, meus pares não compreendiam desta forma e acabei sendo vista como uma “maçã” podre e fui retirada do cesto… Não desisti, fiz uma formação em Coach e hoje estou no caminho, ajudando as pessoas a se desenvolverem e a deixarem brotar o que elas possuem de melhor e foi abafado durante tanto tempo por alguns, que acreditam que não é “legal” ajudar o próximo… Sinto-me vencedora só pelo fato de persistir em potencializar o que há de melhor no outro.