Por Adriana Gomes
Considero-me antenada e up to date com as novas tecnologias, mas um descuido, percebo que mesmo “blogando, twittando, facebookiando” e dando aula para jovens da pós-graduação ainda estou quase no fim da fila. Assisti a uma palestra sobre Inovação e Educação na Era das Mídias Sociais com um colega da ESPM o Prof. Gil Giardelli e saí de lá com sentimentos misturados: euforia, entusiasmo, insegurança e angústia.
Certamente muitos dos meus colegas também, diante da agilidade, criatividade e das inúmeras possibilidades que o mundo digital, através das redes sociais, pode promover. É a constatação da modernidade líquida a que se refere Zygmunt Bauman (Zahar 2001), que afirma que tudo é volátil, as relações humanas não são mais tangíveis e que a modernidade é caracterizada pela inconstância e pela mobilidade.
Os tempos são de contrastes e mudanças cada vez mais rápidas e mesmo achando que estou acompanhando o movimento, me dou conta que o movimento é muito mais veloz do que poderia perceber e a tomada de consciência assusta e até deixa a sensação de desconforto.
A rotina profissional nos enreda nos deveres diários, nos ocupa com os delivery e prazos, faz com que olhemos para baixo, reclamando com o próprio umbigo, do acúmulo de tarefas que se tem, enquanto um universo gravita, agitadamente, à velocidade da luz, das fibras ópticas, tudo em tempo real mas virtualmente.
Entretanto, não é só um universo de “teclantes” e nem é formado apenas por jovens da geração Y, mas de pessoas, de todas as idades, agindo e promovendo ações de protestos, de ajuda comunitária. Gente generosa doando seu tempo para ajudar outras pessoas. Uma revolução!
Essa revolução nos afeta, direta e indiretamente, tanto a vida no trabalho como a vida social.
Na semana passada, os alunos do colégio do meu filho se mobilizaram, através do Twitter, para não comprarem na cantina da escola, naquele dia, pois acharam o preço do pão de queijo abusivo.
São adolescentes. Quase senhores das novas tecnologias, transitam nas redes sociais, varrem o mundo através dos teclados dos celulares, iPads e se organizam para fazer um movimento pacífico de não comprar lanches por um dia.
Foi parar na TV e em muitas páginas da internet. Legitimado, reconhecido, listado entre os tops trends do Twitter daquele dia. As redes sociais dão voz, agregam e empoderam grupos. Mudança social.
Há excelentes exemplos de movimentos solidários acontecendo, entre eles: a London Business School oferece curso de graça pelo Facebook. Foi anunciado que quer facilitar o acesso à educação de qualidade. Sem custo, qualquer estudante com um computador conectado pode se cadastrar para as aulas no Facebook, e só pagar se decidirem usar o curso como créditos para a faculdade. No Facebook, terão aulas em vídeo e grupos de discussões, tudo acessível se você “curtir” a página.
Unicaronas é uma rede social brasileira para universitários conseguirem e darem caronas, na ida e volta da faculdade.
A Universidade Norte Dame lançou a primeira aula usando um iPad e materiais feitos para eReader no lugar de cadernos e livros tradicionais. Isso encoraja os alunos a interagirem com o conteúdo, fazerem pesquisas e participarem de discussões.
One billion minds é uma plataforma inovadora que conecta estudantes universitários do mundo todo para resolverem problemas de empresas/instituições que buscam soluções para situações reais. Há grandes prêmios para os colaboradores.
Há muito mais exemplos, basta navegar e as boas surpresas surgirão. Gente generosa que disponibiliza parte do seu tempo para investir em ajudar outras pessoas através das redes.
Acompanhando esses bons exemplos, acredito que essa revolução está nos levando para um mundo mais consciente, generoso, solidário e sustentável. É democrático e acessível. Participe você também dessa revolução.
publicado no blog da HSM