Estagiários revelam os impactos do home office em sua rotina e dão dicas aos gestores

Por Filipe Oliveira
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Jovens que estão começando a carreira contam quais têm sido os impactos do trabalho remoto em seu aprendizado e desenvolvimento
Orientação, acompanhamento, interação com os colegas e feedback são fundamentais para o desenvolvimento de qualquer profissional. Imagine então para quem está começando a vida profissional. Para entender se essas necessidades têm sido atendidas no home office, consultamos aprendizes e estagiários que estão trabalhando de casa. Optamos por não revelar seus nomes e empresas em que atuam.
A flexibilidade e o fato de não precisarem se deslocar até o escritório foram as principais vantagens apontadas pelos jovens. “Gostei bastante de trabalhar em casa, principalmente, por não ficar tão exausta, já que pegar transporte público não é fácil”, afirmou uma estagiária da área de criação.
A maioria dos jovens ouvidos disse estar recebendo apoio e acompanhamento de gestores e colegas de equipe. Eles contam que as videochamadas têm ajudado bastante nesse sentido. Mas alguns se queixam que sentem falta do contato pessoal com os colegas. “O que menos gostei foi ter que lidar com a ansiedade teoricamente sozinha e ficar distante das pessoas”, comentou outra jovem que atua na área de comunicação interna.
Também os questionamos se o RH de suas empresas tem dado algum apoio durante esse período. Alguns responderam que sim, destacando cursos e palestras oferecidos pela empresa. Mas a maioria disse que o acompanhamento da área de recursos humanos tem se limitado a cobrança do cumprimento dos horários. “Só se preocupam com a folha de ponto”, respondeu uma estagiária de contabilidade.
A maioria desses jovens acredita que o trabalho remoto não irá os atrapalhar em relação a uma possível efetivação. Mas outros disseram que a falta de contato com os gestores pode os prejudicar. “Acho que talvez dificulte, pois não converso muito com a minha gestora e talvez ela não preste tanta atenção se sirvo realmente para continuar na empresa”.
Todos os participantes disseram que, se pudessem escolher um modelo de trabalho no futuro, seria um esquema alternado de escritório e home office. “É legal trabalhar em casa, mas o monótono é cansativo”, confessou a estagiária de criação.
Os jovens também foram questionados sobre quais dicas dariam aos seus colegas e gestores pensando em melhorar a experiência de aprendizes e estagiários no home office. Confira algumas das respostas:

“Verifiquem pelo menos uma vez por dia se o aprendiz ou o estagiário tá conseguindo dar conta, se precisa de algum suporte ou se algo está dificultando o fluxo do trabalho. Talvez assim podem deixar claro que estão ali para ajudá-lo no que precisar”

“Estar mais presente incentivando novos aprendizados mesmo à distância”

“Ter mais paciência e flexibilidade”

“Conversas sobre a vida, não apenas cobranças. Reuniões com reconhecimento e incentivos. Demonstrar mais proximidade mesmo em um momento de distanciamento”

O que dizem os especialistas
Além de prejudicar o desenvolvimento, a falta de orientação e acompanhamento de aprendizes e estagiários também pode resultar em falhas. É o que alerta Marcia Marques Portazio, professora de Liderança da pós-graduação da ESPM. “Infelizmente, muitas vezes o estagiário é visto como mão de obra barata e é usado para fazer o trabalho que seria de um analista. Ele não está preparado para algumas situações e muitas vezes não é bem orientado” alerta a especialista. “Mesmo assim, pode receber a culpa por algum erro quando, na verdade, as lideranças deveriam na formação dele com um apoio e acompanhamento muito maior. O feedback é importantíssimo para que esse desenvolvimento profissional aconteça.”
Adriana Gomes, líder do programa de integração nacional de carreiras da ESPM, acredita que no home office o acompanhamento a aprendizes e estagiários deve ser intensificado. “Agora, é que vamos ver qual que é a dos gestores porque precisa ter um pouco mais de paciência com todo processo de aprendizagem. Talvez se dedicar um pouco mais, não largar tanto. Porque o ideal seria que o gestor fosse uma pessoa mais presente dentro do processo de treinamento desse colaborador. Alguns talvez não tenham essa habilidade e o RH precisa entrar aí como um apoio para ajudar esses ingressantes.”

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