DE SÃO PAULO
Tenho percebido que entre os profissionais há certa resistência, para não dizer aversão, à velha conversa olho no olho ou mesmo por telefone.
Nos últimos meses, noto que quando tento trazer a discussão de algum tópico do e-mail para o telefone o processo desanda, é evitado ou continua por mensagens eletrônicas.
Vivemos em um momento paradoxal. As pessoas estão teclando mais do que falando. Teclar mais não melhora a comunicação verbal. O mercado valoriza quem se expressa bem verbalmente, com clareza, objetividade, segurança.
Em sala de aula, fazer apresentações é um terror. Sofrimento, relatado por alguns, como sendo capaz de tirar o sono por dias. Dificuldades para se comunicar verbalmente limitam até mesmo o crescimento profissional.
É fácil de entender que o computador nos coloca em situação confortável, pois não é preciso responder no momento, pode-se elaborar as respostas, ganha-se tempo e, além de tudo, ninguém o vê.
Porém, em função da perda de sinais, como a expressão facial, a postura e o tom da voz, aumentam as más interpretações.
Fiz um treinamento em uma empresa para otimizar o trabalho e identifiquei que um dos “devoradores de tempo” e vilões da produtividade era justamente o uso em excesso do SMS e do e-mail ineficaz (aquele em que se copia uma multidão na mensagem, mas o problema não é resolvido). Por telefone, falar com o responsável seria mais rápido e eficaz, reduzindo o tempo para solucionar problemas, mas quase ninguém fazia isso.
Não é porque falamos que nos comunicamos bem. Para melhorar essa competência só existe um caminho: a prática. Aproveite as oportunidades em sala de aula, as reuniões com colegas ou colaboradores e exercite-se.
A fluência e a segurança só virão com a prática. Falar ao telefone pode parecer antigo, mas pode ser mais eficaz do que as mensagens de texto, além de ser mais humano.
Adriana Gomes é mestre em psicologia social e do trabalho, coordenadora do Núcleo de Estudos e Negócios em Desenvolvimento de Pessoas da ESPM e fundadora do site www.vidaecarreira.com.br. Escreve aos domingos, a cada duas semanas, no caderno ‘Negócios, Empregos e Carreiras’.
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/adrianagomes/1205106-falar-ao-telefone-parece-antigo-mas-e-eficaz.shtml