30 de setembro de 2011 |Gisele Tamamar
Os jovens da geração Y (nascidos entre 1978 e 1999) crescem com rapidez na carreira e até conquistam cargos iguais aos da geração baby boomer (1946 a 1964), mas o salário não acompanha os mesmos patamares.
Esse cenário de igual nível hierárquico mas de diferente nível de remuneração na comparação das gerações foi constatado em pesquisa feita pela consultoria Mercer. A maior diferença foi encontrada no cargo de analista. Enquanto o baby boomer ganha R$ 4.129, um funcionário da geração Y recebe R$ 2.168, 47,5% menos.
Para a consultora sênior da Mercer, Andrea Sotnik, a situação está relacionada com a maturidade do profissional. “O jovem alcança o mesmo cargo de um profissional mais experiente, mas o salário não acompanha. Antes, o profissional ficava mais tempo em determinados cargos. Hoje, o jovem busca uma ascensão rápida, busca status”, opina.
A coordenadora do Centro de Carreiras da pós-graduação da ESPM e diretora do site Vida e Carreira, Adriana Gomes, reforça a maturidade como ponto principal para explicar a diferença de salário. “Um profissional sênior tem mais maturidade para gerenciar equipes, propor soluções, alternativas e lidar com cenário de pressão”, pontua.
Outra situação que pode refletir na remuneração é a maior rotatividade entre os mais jovens. Uma contratação envolve custos, treinamento e desenvolvimento do profissional para dar retorno. “Há empresas enfrentando problemas de retenção em programas de trainee. Com o risco de perder um profissional jovem no curto prazo, algumas companhias optam em investir em bônus ligados a resultados e não em um grande investimento na remuneração mensal”, afirma Adriana.
Para Andrea, as empresas devem investir em outras formas de incentivo, sem necessariamente alterar o cargo, para resolver o anseio do profissional. “É preciso amadurecer e preparar mais o funcionário”, diz.
No meio da comparação está a geração X, dos nascidos entre 1965 e 1977, que tendem a ser mais cautelosos na hora de trocar de emprego, não levando em consideração apenas o cargo. “As diferenças de gerações sempre existiram e vão continuar existindo”, afirma Adriana.
Foco na carreira
O planejador estratégico da agência Rae, MP Henrique Marcelino dos Santos, de 27 anos, integra a geração Y e tem consciência da diferença de salário em relação aos profissionais mais maduros.
Para compensar, o jovem investe no aprendizado e na evolução profissional. Formado em publicidade, cursou pós-graduação em globalização e cultura e faz mestrado em comunicação, além de sempre buscar cursos de curta duração.
O resultado pode ser visto na sua trajetória na empresa, onde está desde 2006. Começou como assistente, cargo no qual permaneceu por dois anos. Em 2008, foi promovido para planejador júnior. Em outubro de 2009, passou de planejador júnior para pleno. Nesse caminho, recebeu quatro aumentos de salário. “Sempre tive foco na evolução. É preciso estar pronto para mudanças”, avalia Santos
http://blogs.estadao.com.br/jt-seu-bolso/profissional-mais-velho-leva-vantagem-no-salario/