Sem dúvida, a indústria de testes psicológicos e instrumentos de diagnóstico -aqueles que não são necessariamente de domínio dos psicólogos, e que qualquer pessoa com treinamento ou certificação pode ser capacitada a aplicar- fatura muito.
Há, nessa área, forte tendência ao reducionismo. Busca-se, por meio desses instrumentos, respostas rápidas para questões nem sempre simples, seja para contratação, promoção ou mapeamento eficaz de competências do profissional. Muitos aplicadores não percebem a abrangência e o impacto que tais “testes” podem causar nas pessoas que se submetem a eles.
Ouço histórias, não muito felizes,
de quem passou por longas baterias e não recebeu informação devolutiva nenhuma ou que não entendeu porque não foi aceito. É comum que as empresas se concentrem mais no instrumento do que em investir tempo escutando a pessoa. O foco está no teste e não na relação.
Não sou apreciadora de testes e acredito que qualquer instrumento de diagnóstico deva servir como ponto de partida par
a investigações mais aprofundadas e que levem a pessoa a reflexões e ao processo de autoconhecimento, para que ela aja em busca de seus objetivos e propósitos.
É direito do profissional receber devolutiva dos testes e fazer perguntas para entender o que está sendo, de fato, avaliado ou mapeado. Peça informações ao aplicador e à empresa: isso não deve ser segredo.
Instrumentos não representam verdades absolutas -é importante que pessoas que o conhecem também validem os resultados.
Adriana Gomes é mestre em psicologia social e do trabalho, coordenadora do Núcleo de Estudos e Negócios em Desenvolvimento de Pessoas da ESPM e fundadora do site www.vidaecarreira.com.br. Escreve aos domingos, a cada duas semanas, no caderno ‘Negócios, Empregos e Carreiras’.
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/adrianagomes/1247253-testes-reducionistas.shtml