Autoconhecimento e clareza de objetivos no dia a dia facilitam a tomada de decisões
A ansiedade é inerente ao ser humano e faz parte do complexo de emoções que somos. No ponto certo, pode ser positiva e necessária, como acontece, por exemplo, com a aproximação das férias ou quando o instinto de proteção precisa prevalecer. Mas quando passa dos limites, provoca muitos problemas e pode virar patologia.
Para o médico psiquiatra Sérgio de Barros Cabral, supervisor do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, quando a ansiedade começa a causar desconforto e prejuízo, é preciso recorrer à ajuda de um profissional para aprender a controlar as crises.
A quantidade de informação de todas as naturezas faz parecer que o relógio corre mais rápido a cada dia. E com tantos recursos tecnológicos que garantem essa conexão e disponibilidade em tempo integral, é preciso muito cuidado para não acelerar demais.
Para Adriana Gomes, mestre em Psicologia, orientadora de carreira e blogueira da HSM, as pessoas não precisam acompanhar o que acontece no mundo o tempo todo, inclusive no mundo virtual com seus ‘amigos virtuais’ e ‘seguidores’. Ela ressalta que há um excesso de informações superficiais e irrelevantes que podem consumir o dia a dia das pessoas e é preciso “dar conta das questões de ordem prática, afinal, existe um trabalho para entregar no final do dia”.
Ela ressalta, ainda, que esse falso sentimento de que é preciso acompanhar tudo o tempo todo pode desencadear uma ansiedade desnecessária que, somada às pressões do dia a dia como metas, prazos, resultados, violência e tempo perdido no trânsito interferem na concentração das pessoas, prejudicando o desempenho e a produtividade.
“Muitas vezes a pessoa nem se dá conta do que está acontecendo consigo mesma. E assim, uma tarefa é arrastada porque são tantas coisas para fazer que não se destina o tempo necessário para a execução de um trabalho do começo ao fim”, alerta a psicóloga.
Os sintomas físicos da ansiedade descontrolada geralmente são desconforto abdominal, falta de ar, sudorese, tremedeira, dores de cabeça e nas costas, e aparecem quando a situação começa a ficar crítica. Outros sinais que podem indicar o alto grau de ansiedade são a compulsão alimentar, o fumo e a insônia.
A solução
A ansiedade patológica pode ser controlada com tratamento psicoterápico e, em alguns casos, aliado a medicamentos, mas o primeiro passo é criar a consciência de que ninguém consegue abraçar o mundo.
Começar a distribuir tarefas, dizer “não”, concentrar-se no que é importante e necessário, planejar cada passo do dia – inclusive a hora das refeições e dos momentos de lazer – e, sobretudo, desconectar-se. Sair deste emaranhado de emoções perturbadoras é, também, autoconhecimento.
“Perceber seus limites e o que te leva a fazer as escolhas que condizem com seus projetos e objetivos de vida ajudam a definir as ações mais acertadas, sem simplesmente reproduzir comportamentos porque todo mundo faz”, afirma Adriana.
E se não é possível livrar-se dos prazos apertados ou das cobranças superiores, é preciso então descobrir uma forma de amenizar esses efeitos e se proteger. Desligar (mesmo!) o celular na hora do almoço ou durante uma palestra pode parecer impraticável, mas facilita a concentração e o relaxamento naquele momento, afinal, o mundo não vai acabar se uma mensagem for respondida 40 minutos ou uma hora depois.
A psicóloga percebeu a tempo o caminho insano que estava percorrendo, e persegue o que chama de semana TQQ – é quando ela vai conseguir trabalhar de terça à quinta-feira, mesmo que das nove da manhã às onze da noite.
Talvez essa seja uma realidade fora do padrão para a maioria, mas desplugar-se do mundo, pelo menos por algumas horas, pode ser o suficiente para recarregar as energias e reequilibrar as emoções.
Portal HSM
02/08/2011