Essa é uma dúvida frequente, pois quem teve um negócio próprio acaba se sentindo inseguro para retornar ao mercado de trabalho. Algumas vezes a experiência que não foi tão bem sucedida abala a auto-estina para enfrentar processos seletivos. Cabe ao profissional avaliar suas qualificações, conhecimentos e entender que toda experiência gera aprendizado.
Com desafios diferentes e uma responsabilidade muito maior do que geralmente tem o funcionário de uma empresa, ser o dono do próprio negócio requer atuação mais generalista. Ponto super positivo para o quesito aprendizado, já que o profissional tem a oportunidade de soltar a imaginação, criar e empreender todas as suas ideias. No entanto, nem sempre o negócio engrena de verdade. E, em muitos casos, é preciso saber o momento de voltar ao mercado – como funcionário.
Problema nenhum nisso, afinal o mercado valoriza muito as experiências e tentativas de um profissional. Se esse é o seu caso, e depois de passar meses ou anos com seu próprio negócio precisa voltar ao mercado de trabalho, saiba como agir e apresentar suas competências. As especialistas ouvidas pelo PROFISSIONAL EM FOCO afirmam que o grande erro de profissionais é não valorizar as próprias experiências e o que aprenderam durante o tempo em que prestaram consultoria ou algum tipo de serviço.
O recrutador pode ter várias dúvidas sobre o desempenho desse profissional, afinal ele não tem um histórico recente de atuação e crescimento em empresas do mercado. Sua atuação numa empresa própria, gerida por ele mesmo, pode ser muito positiva, mas para que seja vista dessa forma é preciso que o profissional apresente pontos que confirmem essa importância. “O que acontece é que muitos profissionais acabam agindo de forma preconceituosa com relação à própria atuação. Isso é percebido facilmente num processo. É preciso ter orgulho do que fez e demonstrar isso”, aponta Adriana Cambiaghi, da Robert Half. Ela afirma que falar de resultados alcançados é a melhor forma de demonstrar a efetividade do trabalho que desenvolveu. “Cite projetos que realizou, os resultados alcançados, o crescimento das empresas a partir do seu apoio.
Enfim, cada caso terá ações diferentes, mas o importante é dar o valor que esse trabalho, de fato, teve”. Ousadia Retornar ao mercado não necessariamente demonstra fracasso, pelo contrário, Adriana Gomes, professora do Núcleo de Estudos de Gestão de Pessoas da ESPM, explica que com a flexibilidade do mercado de hoje, muitos arriscam abrir um negócio próprio, e ter conhecimento de novas alternativas de trabalho é muito positivo. No entanto, segundo ela, a autonomia que um empreendimento dá para o profissional, às vezes, pode preocupar o recrutador. “Numa empresa, a estrutura é outra, há uma hierarquia – algo que não existia antes, onde o que ele falava era o que acontecia”, alerta.
Por isso mesmo é tão importante demonstrar para a empresa o quanto amadureceu profissionalmente. “O conhecimento da área pode dobrar quando se tem um negócio próprio e tudo depende do profissional, por isso mesmo, demonstrar o conhecimento que tem nos processos sistêmicos, o quanto entende das diversas áreas e o quanto a agilidade adquirida pode ser um fator decisivo pra organização são pontos fundamentais”, aconselha a professora.
“Muitas pequenas empresas não vão pra frente, porque a pessoa não tem um perfil e nem as competências para gerenciar um negócio como um todo, mas ela é uma excelente profissional na área em que atua. Então essa atividade vai dar visão de negócio, visão sistêmica e isso enriquece o currículo de qualquer um”, aponta Adriana Gomes. E reitera, “só é preciso convencer o entrevistador disso”.
E o currículo? “No currículo eu entendo que ele deva valorizar as competências técnicas, funcionais e comportamentais adquiridas a partir daí e que não são poucas: Habilidade de negociação, habilidade de relacionamento interpessoal em diversos níveis, iniciativa, criatividade – que um empreendedor deve ter – em menor ou maior grau”, explica a professora. “É importante colocar também os resultados alcançados e o currículo é o lugar apropriado para isso”, afirma Adriana Cambiaghi.
O que não pode nunca é esquecer do desenvolvimento da carreira. “Num negócio próprio ou numa empresa, não importa, o profissional não pode esquecer da sua atualização. Aprender sempre é o mais importante, independe da atuação”, finaliza Adriana Gomes.
Por Viviane Macedo – Emprego certo _ UOL