Ficar poucos meses no emprego pode depreciar o currículo de um trabalhador mas, por outro lado, permanecer muitos anos na mesma empresa também pode prejudicar a carreira. O período de tempo que separa o funcionário afobado, que troca de trabalho toda hora, do acomodado, que para de crescer profissionalmente porque passa muito tempo na mesma função, depende da área de atuação e da avaliação pessoal.
“Posso dizer que cinco anos é muito tempo para trabalhar em um lugar. Mas, se o funcionário esteve envolvido em diferentes projetos neste período, continuou a estudar ou até mudou de função dentro da mesma empresa, a situação muda.” Adriana Gomes, professora do Núcleo de Estudos e Negócios em Desenvolvimento de Pessoas da ESPM.
O profissional também pode ter desempenhado a mesma função durante muito tempo e não ter se acomodado. Depende muito de como encarou o trabalho no período e em que área atua. “Um engenheiro do setor automotivo, por exemplo, costuma ter um desenvolvimento mais lento. Pode ficar anos trabalhando em um projeto e, ainda assim, continuar a evoluir”, diz Roberto Picino, diretor executivo da Page Personnel, empresa especializada em recrutamento. “O mesmo não ocorre com profissionais de áreas como marketing e publicidade”, explica o especialista.
O mais importante é avaliar o que é melhor para o projeto de vida de cada um e o que a empresa ainda tem a oferecer ao funcionário. “Se o empregado gosta daquilo que faz e a companhia também está satisfeita, qual é o problema de ficar mais tempo?”, questiona Adriana, da ESPM.
Mas a pessoa não pode parar de se atualizar. “Um profissional há muitos anos na mesma função e sem estudar pode ser muito malvisto”, avalia. Isso porque, segundo a professora, cada um tem um ritmo, mas deve estar sempre preparado para mudanças. “Se ficar sete anos na mesma função e só então achar que encerrou um ciclo, tudo bem. Mas o profissional estará preparado para novos desafios?”
E se a intenção é progredir dentro da companhia, mas a proposta de promoção nunca chega, o diálogo é sempre bom e pode ajudar o colaborador a entender se tem de fato atendido às expectativas. “Se não há a menor sinalização de que uma promoção vai ocorrer, primeiro o funcionário deve ter uma conversa franca e ouvir o que a empresa tem a dizer. Se ainda assim não estiver satisfeito, deve procurar outras oportunidades, independentemente do tempo de trabalho”, afirma Picino.
JORNAL DA TARDE (SP) • SEU BOLSO • 3/5/2012 • 23:30:00