Ambiente favorável e equipes heterogêneas determinam o sucesso da criatividade e inovação em equipe
Olhe para a equipe que você tem a sua volta e pense: quantas pessoas lhe parecem realmente criativas? Poucas? Agora pense nas atividades da empresa as quais você realmente imagina que a criatividade seja uma ferramenta fundamental. Poucas também?
Um dos mitos presentes no mundo corporativo, apontados por Dorothy Leonard e Walter Swap no livro “Centelhas incandescentes: estimulando a criatividade em grupos”, é o de imaginar que a produção criativa depende, necessariamente, da atuação de poucos indivíduos e setores dentro da empresa.
Para os autores, com esforços de líderes e gestores é possível que pessoas “comuns” formem equipes potencialmente criativas, até mesmo nos setores mais burocráticos e rotineiros. “Nem todas as organizações têm ‘pessoas criativas’ designadas oficialmente, mas com certeza existem indivíduos especialmente criativos e sua contribuição para os grupos não deve ser minimizada”, explicam os autores no livro.
Liderança criativa
Com o aumento da concorrência, a criatividade tem sido vista como a principal ferramenta estratégica para empresas que buscam agregação de valor em seus produtos e serviços. Mas para Hugo Rodrigues, da Publicis, a criatividade deve ser vista apenas como mais uma ferramenta na busca pela inovação, complementada na equipe por estudos,vontade de superar e um estado de insatisfação permanente. O executivo acumula os cargos de COO (Chief Operating Officer) e CCO (Chief Cretive Officer) para as agências Publicis Brasil, Salles Chemistri e Publicis Dialog.
“Acredito mais na disciplina para gerar resultado do que no talento. Existem mais pessoas disciplinadas, dedicadas e trabalhadoras que são vitoriosas do que pessoas que só tem talento e são vitoriosas”, diz. O gestor lembra que as pessoas que são essencialmente geniais representam apenas 1% da população mundial e explica que a formação de suas equipes não é baseada em talentos, mas sim, no quanto ela poderá ser inovadora para as necessidades do cliente com o qual irá trabalhar.
“Existem pessoas que não são gênios, mas que tem grande capacidade criativa, e pessoas comuns, mas que com dedicação atingem resultados excelentes. Busco mesclar essas diferentes personalidades para potencializar a capacidade das equipes que administro”, explica.
Espaço para novas ideias
Assim como o trabalho com equipes multifuncionais, para Adriana Gomes, professora da pós-Graduação da ESPM, é preciso que as empresas que buscam a inovação criem um ambiente favorável ao compartilhamento de ideias, baseado mais em experiências do que em simples resultados.
“A partir do momento que a cultura da empresa conta com a possibilidade do erro, cria-se um espaço de aprendizagem permanente, que convida ao surgimento de novas ideias e experimentações”, comenta.
Nesse sentido, Natália comenta que no Brasil o perfil dos líderes ainda é um grande impasse para que as empresas saiam do discurso e partam definitivamente para uma cultura de colaboração. “Ainda encontramos muitos CEOs ‘castradores’, que na busca de um ganho individual, centralizam ideias e impedem que os funcionários manifestem seus pensamentos. No Brasil, só encontramos o estímulo ao compartilhamento de ideias em multinacionais e empresas de vanguarda , como as de telefonia e telecomunicações”, afirma.
Ela defende que empresas que buscam a inovação persigam líderes com perfil de educadores, aptos a lidar com diferentes perfis e trabalhar com soluções eficazes, porém inesperadas. Já Hugo lembra ainda que é importante que as empresas aprendam a identificar onde está sua maior necessidade de inovação, antes de definir quais serão os gestores de suas equipes.
“A empresa em que trabalho tem uma veia criativa e por isso apostou em mim, um criativo, para ser líder”, exemplifica o gestor que também é redator publicitário e que no início deste ano se tornou primeiro criativo na história da marca Publicis na América Latina a assumir a gestão das três agências.
Portal HSM