PATRÍCIA BASILIO DE SÃO PAULO
Criar inovação para produtos alimentícios é a especialidade de Vanessa Reichelmann, 29, coordenadora de temperos regionais da Unilever, multinacional de bens de consumo. Cozinhar, não.
A distância da publicitária da cozinha, contudo, foi reduzida entre julho e outubro deste ano, período em que participou de curso de gastronomia pela multinacional, em parceria com o Senac.
“O treinamento nos trouxe mais perto da realidade dos consumidores”, destaca ela, que diz ter se inscrito no curso para aprimorar suas habilidades culinárias e seu desempenho profissional.
Treinamentos práticos como o oferecido pela Unilever ganharam novo formato, mais focado na área de atuação de cada trabalhador, e maior representatividade nas empresas, devido à disputa por fidelização de clientes.
Na Centauro, rede de lojas do setor esportivo, saber andar de bicicleta e jogar tênis, por exemplo, não são mais diferenciais dos vendedores.
Isadora Brant/Folhapress |
Vanessa Reichelman, na aula de gastronomia no Senac (SP) |
Nos treinamentos de imersão anuais oferecidos pela varejista, conta Vanessa Fontoura, diretora de recursos humanos, os funcionários vão além no desenvolvimento de habilidades: aprendem a montar os equipamentos da loja e a encordoar raquetes.
“A equipe tinha carência de conhecimento técnico por falta de vivência”, considera. O vendedor Jefferson Geraldo Ines, 22, aprendeu a montar bicicletas no treinamento de julho deste ano. Antes disso, recorda, pedia auxílio a técnicos da loja para orientar clientes. “Era constrangedor dizer [ao consumidor] que não poderia ajudar”, comenta.
Na TAM Viagens, até 15 funcionários -escolhidos por desempenho- viajam a cada dois meses para destinos “que precisam ser alavancados em vendas”, afirma o gerente Edson Akabane.
“Nossos produtos não estão em gôndolas, e os consumidores só podem conhecê-los a partir da experiência relatada por vendedores”, diz.
OBJETIVOS
Melhorar o desempenho dos funcionários e intensificar as vendas são alguns dos motivos que levam empresas a investir em cursos de imersão, segundo Adriana Gomes, coordenadora do departamento de carreiras da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing).
“Os profissionais têm dificuldade com o aprendizado técnico e, sabendo disso, as empresas elaboram cursos práticos para terem retorno mais rápido e reduzirem gastos com rotatividade”, diz.
Atrair e reter funcionários foram os maiores atrativos desse modelo de ensino, na avaliação de Fernando Kahane, gerente da Unilever. “Se o profissional não conhece o ambiente culinário, a probabilidade de ele trazer boas ideias de negócio para a empresa é menor”, argumenta.
http://classificados.folha.com.br/empregos/1022723-treinamentos-de-imersao-levam-realidade-a-equipe.shtml