Tema que ganha cada vez mais força é foco de projetos pedagógicos e de programas em universidades e escolas de ensino superior
Regina Abrão, de O Estado de S. Paulo
Por que esperar pegar o diploma para saber como criar e administrar o próprio negócio ou mesmo fazer a diferença no mercado de trabalho? Não faltam exemplos de universidades que têm a disciplina empreendedorismo em seus projetos pedagógicos.
Na universidade Presbiteriana Mackenzie, por exemplo, a matéria faz parte da grade curricular de vários cursos. O coordenador de inovação e empreendedorismo, Alexandre Nabil Ghobril, conta que, dependendo do curso, essa matéria tem dois objetivos: primeiro desenvolver no aluno competências empreendedoras e pessoais como proatividade, liderança, capacidade de trabalhar em equipe e resiliência; segundo preparar o aluno para fazer o planejamento do seu empreendimento.
Segundo o professor, além de trabalhar projetos pedagógicos, a instituição também procura associar o aprendizado acadêmico a atividades práticas. “Promovemos um concurso anual de planos de negócios e os melhores projetos recebem apoio em uma pré-incubadora de empresas, um projeto voltado aos alunos.”
A universidade também tem a incubadora voltada a empresas já constituídas. Em outra frente, o Mackenzie participa do programa Precitye, executado com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (Bid), para elaboração de conteúdo e material didático para o ensino de empreendedorismo. “Participamos de um consórcio com mais duas universidade do Brasil, além de outras da América Latina”, afirma.
A coordenadora do núcleo de empreendedorismo da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Rose Mary Lopes, lembra que nos últimos anos o Brasil avançou muito neste segmento. Segunda ela, o País saiu do empreendedorismo por necessidade para o empreendedorismo de oportunidade.
Rose lembra que, atualmente, os estudantes universitários têm o desejo de se tornar donos dos próprios negócios e alguns componentes reforçam essa intenção. “Quanto mais escolarizado, quanto melhor a situação socioeconômica, mais acentuada fica a intenção de empreender.”
Na ESPM existem áreas de concentração de estudos que permitem ao aluno focar em alguma disciplina específica, e, neste semestre, foi introduzido o tema empreendedorismo. “Isso permitirá que os alunos se aprofundem mais e consigam perceber o que é o assunto, desenvolver habilidades, planos de negócios e também saber que é empreendedorismo social.”
O diretor da Escola Politécnica, José Roberto Cardoso, conta que há oito anos foi criado o Centro Minerva de Empreendedorismo, com o objetivo de difundir o tema entre os alunos. “A Agência de Inovação da USP abraçou o projeto que começou a ser realizado no âmbito de toda a universidade.” A Poli ainda tem o programa de empreendedorismo social e a Poli Júnior, conduzida por alunos que desenvolvem projetos para empresas.
Para o mundo. Exemplos práticos de que o ensino do empreendedorismo nas universidades abre as portas para os estudantes são muitos. Stiverson Stopa Assis e Augusto Takashiro Kiramoto são hoje donos da empresa Certsys, fornecedora de produtos e serviços digitais. Mas a ideia de montar o próprio o negócio começou a ganhar força quando os dois ainda eram estudantes da Escola Politécnica. Eles se formaram em 2004 em engenharia da computação. Kiramoto conta que a disciplina de empreendedorismo ministrada no quinto ano do curso ajudou muito no momento em que ele e seu sócio resolveram criar a companhia, que hoje conta 20 funcionários, muitos recrutados na Poli.
Raphael Dias, diretor de marketing da Empresa Júnior Fundação Getúlio Vargas (EJ-FGV) e aluno do quinto semestre de administração afirma que FGV incentiva bastante o empreendedorismo. Segundo ele, no primeiro semestre do curso de administração os alunos já têm aulas de empreendedorismo. Ele conta que pensa em abrir seu negócio e que sua experiência na Empresa Júnior teve um papel muito importante no desenvolvimento de seu espírito empreendedor.
Matheus Novaes, diretor de marketing da Empresa Júnior e aluno do quinto semestre de administração pública ressalta que a experiência é muito positiva. “Quando entrei na faculdade não pensava em empreender. Mas depois da experiência na Empresa Júnior já penso na possibilidade de abrir um negócio”, garante o estudante.
O coordenador do centro de empreendedorismo e novos negócios da FGV, Tales Andressi, destaca que muitos alunos já no primeiro ano do curso querem ser donos do próprio negócio.
O ESTADO DE SÃO PAULO (SP) • GERAL • 9/10/2011