Depois de ficar juntinho do bebê, muitas mulheres decidem repensar a carreira. No entanto, é preciso planejamento antes de tomar qualquer decisão
Enquanto algumas mulheres já decidiram e organizaram com quem irão deixar a criança após a licença-maternidade, outras ficam angustiadas diante da iminente volta ao trabalho, a ponto de fazê-las repensar toda a carreira profissional e até mesmo cogitar a hipótese de parar de trabalhar.
Com quem deixar o bebê ao fim da licença-maternidade?
“A decisão em dar uma pausa na carreira é pessoal e intransferível e precisa ser baseada na decisão familiar, financeira e de carreira. No entanto, há outras possibilidades, tanto para as que não podem ou as que não querem parar de trabalhar. Em busca de equilíbrio para os novos papéis, uma saída é procurar novos formatos nas empresas, como o home office e a flexibilização de horários e até mesmo pensar em virar empreendedora”, diz a coach de carreira e vida Deborah Toschi, sócia-diretora da CAPIO, consultoria dedicada ao desenvolvimento humano e organizacional.
Pausa na carreira
A vantagem em dar uma pausa na carreira é ter a chance de acompanhar de perto os primeiros anos da vida da criança, considerados os mais importantes em aspectos emocionais e de saúde. Entretanto, esta decisão deve ser muito bem analisada, para a família não sofrer as consequências.
“No futuro, a mulher pode encontrar dificuldades de retornar ao mercado, já que períodos longos longe do trabalho podem fazer com que ela se desatualize e perca espaço no ambiente corporativo”, aponta a psicóloga e consultora de carreira Adriana Gomes, professora de pós-graduação da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).
Outro ponto a ser levado em consideração é a questão financeira. “Hoje em dia, muitos berçários custam quase o preço de uma faculdade. Isso afeta financeiramente o casal e costuma ser o ponto mais frágil dessa equação. A decisão deve ser muito bem pensada e exige uma reserva financeira”, recomenda a consultora Adriana.
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Por isso, é fundamental se planejar financeiramente antes mesmo da gravidez, pois dessa forma fica mais fácil lidar com as adversidades. Ter um bebê é uma alegria, mas os custos da família aumentam muito. Diante de tantas contas, muitos casais apelam para a família. Para isso, é necessário envolver o familiar (geralmente a avó) na tomada de decisão, para evitar conflitos e desgaste nas relações.
“Seja qual for a escolha, a mulher precisa, acima de tudo, estar em paz com a sua decisão. Para isso, ela necessita acolher suas angústias, definir prioridades e ações possíveis de serem implementadas”, completa a coach Deborah.
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Dona do próprio negócio
“Vejo casos em que as pessoas acreditam que encontrarão o mundo dos sonhos, mas um negócio precisa de planejamento e capacitação para ser bem sucedido. O sonho é possível e uma realidade para muitas mulheres, porém deve ser construído, para que as apostas na flexibilização do tempo, retorno financeiro e satisfação pessoal sejam reais e alinhadas aos objetivos de cada uma”, ressalta a coach Deborah.Seguir o caminho do empreendedorismo foi a escolha de Danieli Junco, de 36 anos, mãe do pequeno Lucas, hoje com dois anos e meio de idade. Quando seu filho completou um ano, ela se viu angustiada e se sentindo insegura quanto ao seu futuro profissional. Ela trabalhava com marketing, quando decidiu fazer uma publicação numa rede social, convocando mulheres para um bate-papo sobre carreira e maternidade. “O objetivo era saber se as mães compartilhavam os mesmos conflitos. Separei uma sala com cinco cadeiras para um bate-papo e apareceram 80 mulheres”, conta ela, que ficou surpresa na época.Com um quórum considerável, os encontros continuaram acontecendo até que Dani, como é conhecida, decidiu iniciar a B2Mamy, uma aceleradora de projetos de mães que desejam empreender. “À medida em que os encontros foram acontecendo, me veio um estalo na cabeça. Precisava criar um modelo de negócio, no qual todas essas mulheres pudessem ter voz e contar o que estava acontecendo com suas carreiras e maternidades”, conta.A aceleradora de um ano de vida já tirou 150 ideias de mães do papel. “O início da maternidade é um momento de muita angústia, medo e indecisão, no qual a mãe se pega em desequilíbrio, sem saber focar sua potencialidade e recursos, e pior, se sentindo muito culpada. Por outro lado, a maternidade traz muitos recursos positivos, a mulher fica cheia de boas ideias, querendo empreender ou retornar ao mercado de trabalho de maneira criativa. E isso deve ser estimulado e não pode se desperdiçado”, finaliza Dani Junco.
Fontes:
Deborah Toschi, coach certificada pelo ICI – Integrated Coaching Institute; Sócia-Diretora da CAPIO Desenvolvimento Humano e Organizacional; especializada em Coaching de Carreira, Vida e Mentoria; cursou MBA em RH na FIA-USP e é formada em Psicologia pela Universidade São Marcos.
Adriana Gomes é diretora do site Vida e Carreira e professora de pós-graduação da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). Também é mestre em Psicologia – UNIMARCO, dissertação com o tema “O Significado da Mudança de Carreira para a Transfomação da Identidade Pessoal – Um Estudo Sobre Trabalho e Carreira”; pós-graduada em Psicologia Clínica com especialização em Orientação Vocacional – Instituto Pieron; membro da ABOP – Associação Brasileira de Orientadores Profissionais; Coach reconhecida pela International Coach Community – ICC; (CRP/SP 30 133-6)
Dani Junco, CEO da B2Mamy Aceleradora, MBA em Tecnologia da Informação e Gestão Estratégica (FGV); Especialização em Gestão de Pessoas, Infra-estrutura e canais (Unicamp); Especialização em Marketing (Fundação Oswaldo Cruz e FGV); Professora de empreendedorismo SENAC; Participou do programa de aceleração 10.000 mulheres Goldman Sachs e FGV.