O processo de orientação de carreira

*Cidália Martins Reis

Ser feliz com o que faz, dedicar-se a um trabalho que lhe proporcione prazer. Este é um dos objetivos que o ser humano traz consigo. O orientador de carreira tem o papel de segurar uma lanterna que ilumina aquilo que ainda está na sombra, que ainda desconhecemos. Com esta lanterna acompanhamos aquele que sofre por não ser feliz com o seu trabalho, por que ainda não “descobriu” sua verdadeira “vocação” ou por ter descoberto, mas por diversas circunstâncias da vida isto parece tão longe de si.   Medos, inseguranças, baixa auto-estima, falsas crenças…
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Usei a palavra sofrer e aquele que passou por esta situação sabe que sofrer é a expressão mais adequada para descrever a sensação. Acompanhei e acompanho pessoas que buscam ajuda para se livrar deste sofrimento. Quando alguém chega para um trabalho de orientação profissional, independente da sua idade e status, sua aparência normalmente é abatida. O presente é angustiante e o futuro… Que futuro? Não existe sequer um plano, um objetivo, uma meta em relação ao seu progresso profissional. O adolescente acaba de descobrir que ficou adulto e “tem que” decidir o que vai fazer para o resto da vida, o adulto traz muitas vezes a tristeza por não ser feliz com a opção que fez ou com sua própria trajetória profissional.
O orientador aponta a lanterna para o passado. “Passado? Mas eu quero pensar no futuro!!!” pensam todos, praticamente sem exceção. Olhar o passado é olhar para si mesmo, para suas próprias escolhas, para sua trajetória de vida. Este é um processo de rasgate do “eu”, das minhas dificuldades, dos critérios que costumo utilizar nas minhas escolhas. Olho para minhas qualidades, para as minhas conquistas, para os meus medos, e as coisas começam a fazer sentido.
Percebo que construí um caminho, que me trouxe exatamente até onde estou. O “passar” por este processo de descoberta é muito pessoal, cada pessoa reage de uma forma. Ao poucos nos lembramos de velhas sensações prazerosas, como os elogios da professora de matemática no “primário”, da preparação para as aulas de ballet, da satisfação em preparar um jantar especial para os amigos e de tantos outros prazeres que passam por nós e em algum momento se perdem.
Somos engolidos por uma rotina alucinante, sem tempo para pensar em nós. A partir daí, as inúmeras reflexões envolvem o processo.  Paramos para pensar nos nossos valores, e este é um dos pontos fundamentais. O que realmente vale para mim? Qual é o papel que o trabalho tem na minha vida? O que é sucesso para mim? Para alguns o sucesso é chegar ao cargo de presidente de uma grande empresa multinacional enquanto para outros o sucesso é conseguir trabalhar e acompanhar o crescimento dos filhos… vai além da remuneração, aliás, vai além de tudo que é externo.
Estas luzes realmente provocam clareza. E ter claro quem eu sou, porque estou aqui e para onde quero ir, muda ate o tom da pele. Pensar na possibilidade de ser mais feliz no dia a dia faz qualquer coração bater mais forte. E aí, acontece algo que parece mágico: as portas começam a se abrir.
No meu trabalho tive o prazer de presenciar este momento várias vezes. Parece que o mundo percebe que estamos prontos para receber o que há de melhor. Dentro do processo de orientação de carreira entendemos que isto acontece porque a pessoa passa a identificar caminhos e formas de atingir o seu próprio objetivo. E a segurança de saber onde quer chegar é capaz de convencer o mundo. Sem se dar conta, a lanterna já está na sua mão, e aí você é capaz de iluminar o próprio futuro, ter objetivos, ter metas…
Se hoje o seu trabalho te faz feliz, se integra as outras partes da sua vida da maneira que você espera, se você sente que aplica suas maiores habilidades no seu trabalho, se ele te oferece uma vontade de evoluir, de se aprimorar, se você consegue ser fiel aos seus valores, se você vive o seu sonho e não o sonho de outras pessoas (ou da sociedade), parabéns! Suas escolhas te levaram ao caminho que você sempre quis.
Mas se você não está feliz com o seu trabalho, reflita. Será que não existe outra possibilidade, outro caminho? A escolha é sua.
(*)Cidália Martins Reis: Psicóloga pela UMESP, Pós-graduação em Orientação Profissional – Pieron, CRP. 06/60143. Atua como Orientadora profissional.
Contatos: espaco_carreira@yahoo.com.br

1 comentário em “O processo de orientação de carreira”

  1. Cidalia,
    Adoreu seu texto. Me identifiquei tantas vezes com as palavras que escreveu.
    Cada paragrafo que lia, parecia estar lendo meu diario, meus pensamentos na sua pagina.
    Agora, como vc pode me ajudar?
    Tambem quero ser feliz!!!rs
    obrigada!!

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