A busca por um significado: O que te move?

Um dos momentos mais difíceis de um processo de orientação profissional, sem dúvida alguma, é a identificação da motivação. O que move uma pessoa para a ação? O que faz com que se mova? Quais são seus principais interesses? O que a gosta de fazer? O que lhe faz bem? Pelo que é reconhecida?

            Às vezes, o que se faz bem é desprezado, desvalorizado, justamente porque se faz sem esforço, naturalmente e, quase sempre, isso não é sequer identificado como uma qualidade, como um diferencial, principalmente no que tange as competências comportamentais.

            Ao serem solicitados a relatarem suas experiências profissionais, por exemplo, muitos clientes excluem aquelas atividades que realizam com tanta naturalidade que nem sequer consideram uma “tarefa”. Desta maneira, parece que a origem da palavra trabalho aplica-se apropriadamente, pois etimologicamente a palavra trabalho tem sua origem do latim, “tripaliare”(martirizar com o “tripalium”), ou seja, a idéia de dor e sofrimento relacionada ao trabalho. Só é considerado como trabalho ou tarefa, o que se faz com esforço, o que precisa treinar muito, o que é resultado de muito empenho e dedicação.

            Outros, ainda, valorizam o que não tem. Ora, visto por esse ponto de vista, não se tem muito mais, do que o que se tem. Não se tem, de maneira geral, por exemplo, fluência em centenas de idiomas, conhecimentos de muitas culturas, domínio de muitas ciências (se é que dominamos alguma!), e muitas técnicas, não se sabe tocar muitos instrumentos musicais e por aí vai. Se nos deixarmos levar por esse pensamento, podemos concluir que sabe-se, de fato, tão pouco, comparando ao universo a ser conhecido. Pode-se pensar que o pouco que se sabe não serve para muita coisa, o que de fato, não se constitui numa verdade em si.

            Desta maneira, por ser complexo identificar internamente quais são as motivações com um significado interno, que representem uma marca pessoal, através da qual a pessoa se reconheça, pode levar algum tempo e dedicação para se descobrir. Em face dessa complexidade e do tempo que esse processo pode levar, parece mais “econômico” e conveniente buscar um motivo externo.

            No terreno dos motivos externos, ao contrário da busca interior, não faltam alternativas, possibilidades, sugestões, apelos, mas estes, com o tempo, acabam muitas vezes não atendendo ao movimento interior e criam-se situações de desconforto que podem chegar a conseqüências muito graves. Desenvolvem-se sentimentos de inadequação, frustração, descontentamento, desvalorização, falta de reconhecimento, depressão e desmotivação!

            Voltamos ao princípio do nosso texto. Desmotivação é falta do motivo. É a falta de um movimento que leve a ação.  Enfatizo,novamente, sobre a importância do autoconhecimento, pois, através dele chega-se ao motivo e acredite, você pode se surpreender. Todos os livros mais recentes, que eu li, sobre gestão de carreira ─ na sua maioria escrito por administradores ─ mencionam a importância do autoconhecimento, mas  a impressão que tive de todos eles é a de que, apesar da sua importância, o termo sugere ser auto-elucidativo. A pergunta que eu faço é a seguinte: Será que todos se conhecem assim, tão bem?

            Nesses textos tenho sempre a impressão de que os autores, talvez até por falta de conhecimento sobre a matéria, partem do pré-suposto que o seu leitor já possua esse tal de “autoconhecimento” afinal, ele convive com ele mesmo há tanto tempo!

            Conhecer a si mesmo parece, para alguns autores, é um elemento menor a ser tratado, pois o valor reside na técnica. Entretanto, toda a técnica, sem essa base, não se sustenta. E mais, o autoconhecimento, além de ser um processo e não um fim, só se obtém através da relação com o outro.

            Para concluir, analise, discuta o assunto com alguém de sua confiança, invista um tempo conversando com pessoas próximas, íntimas, amigos, pai, mãe, irmãos, pergunte a eles como eles te enxergam, quais são as qualidades que se destacam em você, peça exemplos de situações, tente lembrar de situações que você foi reconhecido, elogiado, em que se sentiu feliz, que você gostou de realizar, tome nota, esse também é um bom exercício, formalize suas idéias. Pode ser um bom começo para identificar o que te move.

 Um abraço,
Adriana Gomes

3 comentários em “A busca por um significado: O que te move?”

  1. Adorei… estou em busca desse autoconhecimento de fato. Estou num momento que sei que tenho é preciso mudar muita coisa, mas não tô encontrando ou conseguindo fazer acontecer essas mudanças.

    Responder

Deixe um comentário