O Aprendiz

Edson Lobo


A idéia do programa O Aprendiz, da Rede Record, é muito boa para os profissionais e empresários pois expõe ao publico todas as nuances que realmente acontecem nas empresas, no campo das relações pessoais.

Um empresário, por exemplo, que começou como um empreendedor, não imagina muito dos fatos que vemos no programa de TV, uma vez que sempre esteve à frente da sua própria empresa e não galgou os diversos níveis hierárquicos em outra corporação.

Por outro lado, a forma como o programa é apresentado ao publico, não sei se por edição ou mesmo por filmagem, valoriza demais as fofocas entre os participantes e mostra muito pouco das habilidades individuais.

A mão de ferro do Roberto Justus não é tão de ferro mas mesmo assim dá para se ter uma idéia de como agem os reais dirigentes das empresas com escola internacional, onde o “jeitinho brasileiro” não consegue muito Ibope e as pessoas são avaliadas por sua competência, estilo, liderança e…RESULTADOS!

Os conselheiros, Isabel e Tolove, participam sem grande influencia mas é sempre importante quando o Justus consulta o Tolove porque ele tem uma visão macro, holística, sempre vê as coisas por um outro ângulo e ajuda muito na interpretação de atitudes e comportamentos que interferiram diretamente nos resultados de cada desafio proposto.

Mas por que fazer uma crônica sobre O Aprendiz?

Porque muito do que aconteceu ali é a pura realidade dentro das empresas, interferindo demais nos resultados. Parece que “empatia” é a palavra-chave em toda empresa. Um profissional de Recursos Humanos pode avaliar, conferir toda competência nos profissionais a serem contratados mas o que irá contar mesmo “on the job” é o quanto ele será aceito pelos colegas e quanto ele aceita os colegas.
Liderança, conhecimento, ética, isso e muito mais devem ficar claro numa contratação mas sempre observar o quanto há de engajamento pessoal nas relações entre os mais variados níveis organizacionais.

Certa vez, acompanhei um processo interno de uma empresa, como auditor externo, cujo foco era descobrir porque determinada ação de Marketing havia dado prejuízo naquele ano. Seguindo-se pelos caminhos normais, parecia ser somente uma opção tomada pelo grupo onde o risco foi discutido antes e os caminhos eram: acertar ou errar. Pelos resultados, erraram na opção.

No entanto, informalmente, alguém mencionou um fato passado entre dois dos principais executivos da mesma área, os quais protagonizaram o que há de pior numa reunião com toda a equipe: a discordância publica, aberta, sem qualquer preocupação política.

Como resultado posterior dessa briga, a tensão na hora da escolha da ação de Marketing foi grande, já que os dois executivos estavam envolvidos no processo, o que não permitiu uma avaliação serena, sensata, discutida sob todos os ângulos, sem desgastes. O resultado foi que alguém cedeu, não quis mostrar seu ponto de vista (ah, se soubesse as conseqüências!) e a opção então foi errada.

Por isso, O Aprendiz pode ser útil nos treinamentos das empresas, onde será possível mostrar às pessoas que um bom executivo deve conjugar sempre suas vontades com a vontade de um grupo, colocar tudo num liquidificador e tirar de lá uma decisão que possa contentar a si e a todos mas que ao final, gere resultados para a empresa.

Quanto ao nome O Aprendiz, não foi o mais adequado já que as exigências das tarefas obrigaram conhecimentos que somente um executivo com alguma experiência poderia conhecer e enfrenta-las. E depois, porque passamos a vida inteira procurando aprender e jamais chegaremos ao ponto de dizer: chega!

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EDSON LOBO é jornalista com formação em Administração de Marketing.
É consultor de empresas na área de Comunicação Empresarial e Imagem.
edson_lobo@hotmail.com

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