Waldir Biscaro
…As empresas não querem e muito menos gostam de adoecer, mas adoecem. São inúmeros os tipos de enfermidades que afetam as organizações e, seja qual for, essa enfermidade sempre irá repercutir na saúde de seus colaboradores. Especialmente na saúde emocional. A “neurose corporativa” tornou-se de uns tempos para cá, verdadeira epidemia e trabalhar em certas organizações se revelou experiência de alto risco.
…O processo de “corrosão do caráter”, na expressão do sociólogo americano Richard Sennett, continua produzindo suas vítimas, sem distinção de “ CEOS” a peões – realmente um processo democrático!
Dizem alguns que empresas estão virando manicômios – nada mais equivocado.
…Manicômio por definição é local que só admite doentes mentais e seu escopo é curá-los. As empresas, em contraposição, fazem questão de só admitir pessoas saudáveis, inteligentes, criativas e muito mais. E o que acontece com essa gente maravilhosa e suas incríveis qualificações? As publicações especializadas relatam, cada vez com mais freqüência, depoimentos e mais depoimentos de profissionais de todo tipo com acerbas acusações a condutas pouco inteligentes de algumas corporações.
…Há, no entanto, empresas preocupadas com este cenário e que recorrem a certas ações contingenciais com o intuito de minimizar o impacto do fenômeno na saúde dos grupos e das pessoas.
…O recurso mais recorrente nestes casos é o emprego de atividades coletivas do tipo: dinâmicas de grupo, jogos estruturados, exercícios de relaxamento, psicodramas, vivências em condições exóticas e outras. Na aplicação do tratamento grupal, todo cuidado é pouco – há intervenções sérias e há aquelas apenas bucólicas ou mesmo hilárias que, no máximo, conseguem reduzir o nível de tensão negativa entre os participantes.
…Em empresas saudáveis, maduras, tais atividades produzem efeitos positivos de reforço das relações internas e de maturação das equipes. Já, em empresas doentias, elas não passam de placebo ou de tática diversionista.
…Entretanto, mesmo na hipótese de que o tratamento grupal fosse sempre benéfico para restaurar as relações interpessoais, um aspecto permanece descoberto: o indivíduo. É que as causas dos distúrbios emocionais ainda que sejam comuns a todos os colaboradores, temos de admitir que os efeitos são diferentes em cada indivíduo. O cerne da disfunção emocional presente em cada indivíduo esse permanece intocado. E, se o problema é individual, o tratamento só pode ser individualizado.
…Não é sem razão que, ultimamente, muitas empresas passaram a dar mais atenção ao indivíduo incentivando e implantando práticas voltadas preferencialmente a ele, indivíduo. Entre essas práticas estão o Coaching, o Mentoring, o Counseling e em alguns casos; o encaminhamento psicoterápico. Cada vez mais executivos vêm procurando serviços de ajuda profissional, fora da empresa e por conta própria.
…Segundo a “National Career Development Association” , por exemplo, o Counseling é o nicho que mais cresce nos Estados Unidos, dentro do setor de consultorias de RH.
…O Counseling, como já tivemos ocasião de escrever na revista T e D, é com certeza o decano de todas as práticas de desenvolvimento humano nas organizações. E não, como afirma a EXAME em sua edição 816 ( 28 de abril), que se trata do mais recente método de aprimoramento profissional.
…Foi Carl Rogers que, em 1942, recomendou sua prática nas empresas e é o próprio Rogers quem nos fornece um esboço de definição do Counseling : “ Um esforço planejado para utilizar entrevistas na melhoria das atitudes …..ajudar os empregados a resolver seus problemas pessoais”.
O Counseling busca acima de tudo o fortalecimento do núcleo da personalidade o que implica, muitas vezes, na revisão de valores pessoais e mudanças no estilo de vida. Não podemos esquecer que um dos efeitos mais perniciosos no rastro dos desequilíbrios corporativos é a fragilização do ego das pessoas envolvidas e, claro, personalidades fragilizadas se tornam incapazes de sustentar um desempenho profissional de alta ou mesmo de média exigência.
…Não é de egos frágeis que as empresas mais precisam, especialmente em se tratando de pessoas em postos de liderança; é aí que o Counseling funciona como uma espécie de tonificante do ego, tornando-o mais resistente às crises corporativas e conferindo-lhe mais “resiliência”, que é a capacidade de absorver os impactos do meio, preservando sua identidade.
…Apesar de seu caráter predominantemente profilático, o Counseling não deixa de produzir efeitos igualmente terapêuticos e, nesse aspecto, apresenta parentesco com as técnicas psicoterápicas.
…Mesmo que não se possa apontar a empresa como a única responsável pelo surgimento dos problemas emocionais, pelo estresse, pela ansiedade, ainda assim cabe a ela uma parcela mais do que significativa na produção do mal-estar psicológico e, por isso mesmo, pode-se cobrar dela maior atenção no atendimento dos casos e, acima de tudo, maior atenção com sua própria sanidade.
…Waldir Biscaro
…(Autor do livro: MATURIDADE E PODER PESSOAL –Ed. Brasiliense)
…Fone: 5084-4336
…e-mail: awbiscaro@uol.com.br
…O processo de “corrosão do caráter”, na expressão do sociólogo americano Richard Sennett, continua produzindo suas vítimas, sem distinção de “ CEOS” a peões – realmente um processo democrático!
Dizem alguns que empresas estão virando manicômios – nada mais equivocado.
…Manicômio por definição é local que só admite doentes mentais e seu escopo é curá-los. As empresas, em contraposição, fazem questão de só admitir pessoas saudáveis, inteligentes, criativas e muito mais. E o que acontece com essa gente maravilhosa e suas incríveis qualificações? As publicações especializadas relatam, cada vez com mais freqüência, depoimentos e mais depoimentos de profissionais de todo tipo com acerbas acusações a condutas pouco inteligentes de algumas corporações.
…Há, no entanto, empresas preocupadas com este cenário e que recorrem a certas ações contingenciais com o intuito de minimizar o impacto do fenômeno na saúde dos grupos e das pessoas.
…O recurso mais recorrente nestes casos é o emprego de atividades coletivas do tipo: dinâmicas de grupo, jogos estruturados, exercícios de relaxamento, psicodramas, vivências em condições exóticas e outras. Na aplicação do tratamento grupal, todo cuidado é pouco – há intervenções sérias e há aquelas apenas bucólicas ou mesmo hilárias que, no máximo, conseguem reduzir o nível de tensão negativa entre os participantes.
…Em empresas saudáveis, maduras, tais atividades produzem efeitos positivos de reforço das relações internas e de maturação das equipes. Já, em empresas doentias, elas não passam de placebo ou de tática diversionista.
…Entretanto, mesmo na hipótese de que o tratamento grupal fosse sempre benéfico para restaurar as relações interpessoais, um aspecto permanece descoberto: o indivíduo. É que as causas dos distúrbios emocionais ainda que sejam comuns a todos os colaboradores, temos de admitir que os efeitos são diferentes em cada indivíduo. O cerne da disfunção emocional presente em cada indivíduo esse permanece intocado. E, se o problema é individual, o tratamento só pode ser individualizado.
…Não é sem razão que, ultimamente, muitas empresas passaram a dar mais atenção ao indivíduo incentivando e implantando práticas voltadas preferencialmente a ele, indivíduo. Entre essas práticas estão o Coaching, o Mentoring, o Counseling e em alguns casos; o encaminhamento psicoterápico. Cada vez mais executivos vêm procurando serviços de ajuda profissional, fora da empresa e por conta própria.
…Segundo a “National Career Development Association” , por exemplo, o Counseling é o nicho que mais cresce nos Estados Unidos, dentro do setor de consultorias de RH.
…O Counseling, como já tivemos ocasião de escrever na revista T e D, é com certeza o decano de todas as práticas de desenvolvimento humano nas organizações. E não, como afirma a EXAME em sua edição 816 ( 28 de abril), que se trata do mais recente método de aprimoramento profissional.
…Foi Carl Rogers que, em 1942, recomendou sua prática nas empresas e é o próprio Rogers quem nos fornece um esboço de definição do Counseling : “ Um esforço planejado para utilizar entrevistas na melhoria das atitudes …..ajudar os empregados a resolver seus problemas pessoais”.
O Counseling busca acima de tudo o fortalecimento do núcleo da personalidade o que implica, muitas vezes, na revisão de valores pessoais e mudanças no estilo de vida. Não podemos esquecer que um dos efeitos mais perniciosos no rastro dos desequilíbrios corporativos é a fragilização do ego das pessoas envolvidas e, claro, personalidades fragilizadas se tornam incapazes de sustentar um desempenho profissional de alta ou mesmo de média exigência.
…Não é de egos frágeis que as empresas mais precisam, especialmente em se tratando de pessoas em postos de liderança; é aí que o Counseling funciona como uma espécie de tonificante do ego, tornando-o mais resistente às crises corporativas e conferindo-lhe mais “resiliência”, que é a capacidade de absorver os impactos do meio, preservando sua identidade.
…Apesar de seu caráter predominantemente profilático, o Counseling não deixa de produzir efeitos igualmente terapêuticos e, nesse aspecto, apresenta parentesco com as técnicas psicoterápicas.
…Mesmo que não se possa apontar a empresa como a única responsável pelo surgimento dos problemas emocionais, pelo estresse, pela ansiedade, ainda assim cabe a ela uma parcela mais do que significativa na produção do mal-estar psicológico e, por isso mesmo, pode-se cobrar dela maior atenção no atendimento dos casos e, acima de tudo, maior atenção com sua própria sanidade.
…Waldir Biscaro
…(Autor do livro: MATURIDADE E PODER PESSOAL –Ed. Brasiliense)
…Fone: 5084-4336
…e-mail: awbiscaro@uol.com.br